Luiza voltou da escola, deixou a mochila sobre o sofá
e correu para a cozinha. Estava com muita fome. Dava quase para ouvir o barulho
que vinha da sua barriga. O cheirinho de comida estava tão gostoso! Mas, foi só
Luiza sentar-se à mesa, para ouvir a avó dizer:
- Luiza, já lavou as mãos? Você sabe que precisa lavar
as mãos antes de comer.
- Tá bom, tá bom. Já vou. Respondeu Luiza, um pouco
contrariada.
- Mas antes, cadê meu beijo? Disse a avó com um
sorriso no rosto.
Luiza retribuiu o sorriso e correu para o banheiro.
Lavou as mãos com água e sabão. Esfregou bem entre os dedinhos. Assim como
havia aprendido na escola. A barriga começou a roncar de novo. Não dava para
esperar mais, tinha que comer alguma coisa. Saiu tão apressada do banheiro que
esqueceu a torneira pingando.
As gotinhas escorriam e desciam pelo ralo da pia. Até
que uma das gotinhas, ao invés de descer, subiu pela torneira e começou a
gritar:
- Torneira aberta! Torneira aberta!
Como ninguém respondeu, a Gotinha insistiu:
- Torneira aberta! Torneira aberta!
Luiza estava na cozinha, saboreando o delicioso almoço que a avó preparara. E foi então que ouviu um
som que vinha do interior da casa. Era uma voz baixinha, como um sussurro.
Luiza estranhou, mas não disse nada. Continuou se deliciando com a
macarronada. O som se repetiu, uma, duas
vezes. Luiza ficou intrigada. E, curiosa que era, foi averiguar.
Olhou no corredor. Não viu nada. Olhou na sala, estava
vazia. Quando entrou no banheiro, ouviu:
- Torneira aberta! Torneira aberta!
Sobre a pia, havia uma gotinha de água, que parecia bem
apreensiva. E, ao perceber a presença de Luiza, completou:
- Consumo consciente, natureza preservada.
Luiza fechou a torneira. Nunca havia conhecido uma gotinha
que falasse. Antes que pudesse perguntar algo, a Gotinha completou:
- É muito importante fechar bem as torneiras, os
chuveiros, para evitar o desperdício de água. Nós somos muito importantes para
a vida. Preste mais atenção. Consumo consciente, natureza preservada.
- Vou prestar mais atenção. Respondeu Luiza, que
depois de uma breve pausa completou – Eu não sabia que gotinhas podiam
falar. De onde você veio? Da torneira?
- Eu saí pela torneira, mas eu venho de muito longe,
lá do rio. Para chegar na sua casa eu fiz um caminho e tanto: saí do rio, passei
por um tratamento com cloro e flúor, depois fui para o reservatório, em seguida
para a rede de distribuição, até chegar no encanamento da sua casa e sair pela
sua torneira.
- Tudo isso? Eu não sabia que você vinha de tão longe
assim. E, quando você cai na pia, para onde você vai? Perguntou Luiza
intrigada.
- Toda a água que você usa na hora de lavar as mãos,
tomar banho, lavar a roupa, louça, ou usar a descarga do vaso sanitário, se
junta e forma o esgoto. Depois de cair pela pia é para lá que eu vou. Essa água
toda que sai da sua casa vai até um conjunto de canos, que ficam lá na rua,
para em seguida ir para a estação de tratamento, onde ficamos limpinhas, limpinhas,
e, em seguida, somos devolvidas para o rio.
- Então você vai e volta o tempo todo? Indagou Luiza.
- Nem sempre. Algumas de nós se perdem pelo caminho,
quando os canos estão furados, por exemplo, ou evaporam e vão formar chuva em
outro lugar. Explicou a Gotinha.
- Vocês formam a chuva? Espantou-se Luiza.
- Sim. Quando a água do rio esquenta, com o calor do
sol, por exemplo, ela evapora, virando vapor de água, este vapor, ao se
misturar com o ar forma as nuvens. Você já viu que no céu, às vezes, ficam umas
nuvens muito escuras? Pois é, são nuvens com muito vapor de água dentro. Estou
vendo que você está com uma carinha de interrogação. Observou a Gotinha.
- É que não entendi muito bem o que é vapor de água? Disse
Luiza.
- Você já percebeu que sai uma fumaça da panela quando
ela está no fogo? Então, isso é vapor. Quando o raio de sol nos esquenta,
ficamos quentinhas, quentinhas e viramos vapor de água, formando as nuvens. E começamos
a voar pelo céu, subindo e subindo. Até que um ar mais frio passa pela gente,
como um vento gelado. E, quando ficamos geladas viramos água de novo e caímos
em forma de chuva. Podemos cair em qualquer lugar, depende de onde o vento nos
levou. Por isso, nem sempre caímos no rio. Explicou a Gotinha.
- Entendi. Quando você vira vapor de água, você sai
voando pelo céu. Até que encontra o vento frio e vira água de novo, caindo em
forma de chuva e formando as poças de água. Eu adoro pular em poças de água. Comentou Luiza.
- Isso mesmo Luiza. Você entende rápido. Quando não
chove tanto, a água do rio continua evaporando, mas não cai de volta. Por isso,
os rios começam a ficar tristinhos, com pouca água. E, como é a água do rio que
vai para a sua casa, pode ser que falte água para você lavar as mãos, ou tomar
banho. Completou a Gotinha.
- Para não faltar água é só chover? Indagou Luiza,
como sempre muito curiosa.
- Sim e não. Respondeu a Gotinha. A chuva é muito
importante, sem ela não há vida. Só que, para que tudo corra bem, cada um
precisa fazer a sua parte. Quando uma pessoa desperdiça água, como quando deixa
a torneira pingando, significa que ela não está respeitando a água que vem do
rio. Está jogando água fora, sem necessidade, como se nós não fossemos importantes.
Cada gotinha de água é importante. E, quando as pessoas não percebem isso e
gastam mais água do que precisam, mais água é retirada dos rios sem
necessidade, e os rios ficam mais vazios e tristes. Todos nós somos parte da
natureza. Por isso que eu digo: Consumo consciente, natureza preservada. Explicou
a Gotinha.
- Coitado dos rios! Não quero que eles fiquem triste.
Vou sempre fechar bem as torneiras. Decidiu Luiza.
- Ótimo, isso é um excelente começo. Há muitas formas
de desperdiço de água, algumas não estão dentro de casa, como é o caso do uso
de água na plantação, nas fábricas, problemas nos canos que distribuem a água,
outros fazem parte do nosso dia a dia, como no caso de fechar a torneira, não
demorar muito no banho, reaproveitar o papel...
- O papel toma água?
Interrompeu Luiza.
- Você é muito engraçada. O papel não toma água, é que
para produzir o papel se usa muita água. Explicou a Gotinha.
Antes que Luiza pudesse perguntar alguma coisa mais, a
sua avó gritou da cozinha:
- Luiza, cadê você? Já terminou de almoçar? Eu trouxe
um pouco de hortelã, vou fazer o suco de abacaxi com hortelã que você tanto
gosta.
- Estou no banheiro vovó, já estou indo. E, virando-se
para a gotinha disse: Preciso ir, minha vovó está me chamando. Depois eu volto.
A Gotinha sorriu.
Ao chegar na cozinha, a vovó já estava preparando o
suco. Ao perceber a torneira da pia pingando, Luiza correu para fechar.
- Vovó, temos que fechar bem a torneira, para que não
falte água e para que os rios não fiquem tristes. Toda gotinha de água é
importante, somos todos parte da natureza. Consumo consciente, natureza preservada.
Disse Luiza.
- Onde você aprendeu tudo isso? Perguntou a vovó.
- Foi uma gotinha sabida
que me contou. Pode deixar que eu vou lhe ensinar tudinho. Disse Luiza, feliz
por fazer parte da natureza.
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