Contar
histórias é muito bom, criá-las é melhor ainda.
Aqui você encontrará o início da história sobre uma menina chamada Ana,
caberá a você terminar esta aventura. Então, use a sua imaginação e boa viagem!
Crie
um título para a história:____________________________
Capítulo I : A vida no Orfanato
Estava
noite e a chuva era muito forte, parecia que queria destruir tudo ao redor. O
vento soprava manso, sem esfriar. Ana, uma menina de aproximadamente dez anos,
olhava a chuva através da janela com especial admiração. Sempre ficou
deslumbrada com a força das águas e como as nuvens podiam guardar tamanha
força, mesmo sendo tão fluídas e leves.
Ana
era uma das cinquenta crianças que viviam naquele pequeno orfanato de esquina, um
tanto quanto imperceptível em meio a tantos prédios, carros e movimentos. Não
chegou a conhecer os pais e ninguém sabia dizer ao certo quem eles eram. A sua
única certeza era de que, em uma noite chuvosa como aquela, alguém a deixou na
porta daquele orfanato, enrolada em uma espécie de manto e com um colar no
pescoço, no qual se podia ler, com letras em
itálico, o nome Ana. Ela adorava aquele cola.
Por
não saber de seu passado, Ana gostava de criar histórias sobre seus pais, sobre
sua vida antes de chegar ao orfanato e, principalmente, sobre seu futuro. Às
vezes, imaginava ser uma princesa em um castelo muito distante; outras vezes
era uma vaqueira ou uma dançarina, entre outras diversas fantasias. Algumas de
suas professoras do orfanato chegaram a comentar que Ana poderia precisar de
algum tratamento especial, já que misturava facilmente a realidade com a
imaginação. Em diversos momentos, vestia tanto a personagem que ela mesma
criara, que não sabia dizer ao certo se determinada situação tinha ocorrido de
fato ou se fora uma simples criação.
Certo
dia, Ana quis ser uma grande exploradora. Então, pegou o chapéu do Sr. Holírico,
o velho porteiro do orfanato, e começou a subir na única árvore do quintal, no
muro e em qualquer lugar que oferecesse uma visão mais panorâmica sobre o
ambiente a ser conquistado. Pegou emprestada a lupa da coordenadora do
orfanato, Sra. Leôncia, sem que esta soubesse, e começou a caçar seres “microscópicos”
que, na verdade, eram lagartas, joaninhas e minhocas que viviam sob as pedras
do pequeno jardim. Durante sua exploração, precisou se esconder e até mesmo
lutar contra diversos animais perigosos, como a gata Mimi da Sra. Lucílda, uma
das professoras do orfanato. Mimi, a
gata mais gorda que alguém pode imaginar, de repente, transformou-se no tigre
mais perigoso do mundo e Ana precisou usar toda sua técnica e conhecimento para
se livrar daquele animal perigoso, é claro, sem machucá-lo, afinal, era uma
exploradora, e não uma caçadora de animais.
A exploração, no entanto, foi interrompida. No meio do processo aparaceu a Sra. Leôncia, para saber se Ana já
havia terminado de regar as plantas e organizar a pequena horta, afinal de contas, estava de castigo. O motivo do castigo foi muito simples: havia amarrado vários balões ao
cesto que a Sra. Olária, a cozinheira do orfanato, usava para guardar pães. Quando
foi questionada sobre sua ação, Ana respondeu:
- Estou em uma importante missão de
reconhecimento e exploração, por isso enviei aquele cesto com câmeras para
poder conhecer melhor o nosso universo.
- Ana, disse Sra. Leôncia de modo
ríspido, você sabia que aquilo era apenas o cesto para guardar pães da Sra.
Olária, não sabia? Não havia câmeras nem nada. E, não seja tola, esse tipo de
balão não chega ao espaço, como de fato não chegou. Sua sorte foi que os balões
estouraram rápido. Já imaginou se o cesto caísse na cabeça de uma pessoa na
rua? Poderia ter machucado alguém. Além do mais, você não pode pegar o que não
é seu. Esta não é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece, mas posso
garantir que será a última. Se você não tomar juízo, vou recomendar a sua
transferência para um outro orfanato. E, para mostrar que não estou brincando,
domingo você será a única que não vai passear no zoológico.
- Mas, Sra. Leôncia, eu adoro
animais...
- Pensasse nisso antes. Você ficará
aqui e ajudará a Sra. Leonilde a fazer a faxina e arrumar o jardim. Eu ficarei
aqui para supervisionar o seu trabalho.
Se
no mundo existissem bruxas, para Ana, elas teriam as feições da Sra. Leôncia:
rosto magro, olhos grandes e brilhosos, nariz pronunciado, olheiras bem
marcadas, rugas desenhadas por toda a face, cabelo preto sempre preso em forma
de coque e duro de tanto gel. O cheiro de Sra. Leôncia também era bem
particular, suas roupas exalavam odor de lavanda e seu hálito sempre cheirava a
café. Seus dentes eram escurecidos e, próximo aos lábios, havia um punhado de
finos pelos escuros, mas não se tratava de um bigode. Sempre que chegava perto
da Sra. Leôncia, Ana ficava olhando para aqueles pelos, sem entender por que
eles cresciam naquela região tão estranha.
Sra.
Leôncia seguia um padrão de vestimenta, sempre estava de meia calça e saia que
descia até as canelas e, mesmo nos dias de calor, usava uma estranha blusa de
manga comprida. Sem contar que algumas vezes ela cuspia ao falar,
principalmente quando estava muito brava, o que sempre acontecia quando se
tratava de Ana.
Assim
como prometera, na manhã de domingo, todas as crianças foram ao zoológico sob
supervisão da professora Lucílda, menos Ana. Todas estavam felizes, vestidas de
uniforme e com suas respectivas mochilas. A perspectiva era que voltassem só ao
final da tarde.
Ana viu todo o movimento da janela do dormitório feminino, que
ficava no segundo andar da casa. A menina estava quieta, triste por não poder
visitar os animais naquele ano, mas sabia que no ano seguinte iriam de novo e,
provavelmente, ela ainda estaria ali, no orfanato. Lá de cima, Ana pôde ver o
olhar de vingança da Sra. Leôncia, que verificava se tudo estava certo para a
viagem.
Assim que o ônibus partiu, a Sra. Leôncia subiu ao
dormitório feminino, onde Ana estava cumprindo o seu castigo, e lhe entregou a
lista de afazeres do dia. Para começar, ela ajudaria a Sra. Leonilde a arrumar
os quartos e depois deveria organizar o jardim,
regar as plantas, tirar as folhas secas, recolher o lixo, entre outras coisas.
Ana começou muito bem, fez seu trabalho de modo exemplar ao organizar as camas.
Terminado o quarto, passou para a segunda tarefa: o jardim.
Depois de meia hora a Sra Leôncia saiu para o jardim e viu Ana
“fugindo” da gata Mimi, como se esta fosse um tigre feroz. A coordenadora do orfanato começou a gritar e a cuspir. Ana, coberta de terra, parou o que estava
fazendo e abaixou a cabeça. Sra. Leôncia tirou violentamente o chapéu da cabeça
da menina e gritou:
-
Você é uma vergonha para este orfanato, uma pequena irresponsável. Onde já se
viu ficar brincando quando temos tanto trabalho a fazer! E você se esqueceu de
que está de castigo, mocinha? Você realmente não tem jeito, não sei mais o que
fazer com você. Hoje mesmo entrarei em contato com outros orfanatos. Eu prometi, e vou cumprir.
Sra.
Leôncia continuou dizendo diversas outras coisas, até que Ana, ainda cabisbaixa
e com a voz embargada, disse:
-
Mas...mas, Sra. Leôncia, eu arrumei o jardim...
Foi
então que a Sra. Leôncia se deu conta de que o jardim estava arrumado, as
folhas tinham sido recolhidas, assim como os lixos. As plantas já haviam sido
regadas e tudo estava bem organizado. Ana só tomou cuidado para esconder, sob a
camisa, a lupa que tinha pegado “emprestada”.
Sra.
Leôncia ficou, então, sem reação. Não era o tipo de pessoa que pedia desculpas.
Se limitou a limpar a garganta, erguer a cabeça e se dirigir para dentro do
orfanato. Chegando à porta, virou levemente o pescoço para trás, sem olhar para
Ana, e disse:
-
Limpe-se e vá até meu escritório, vou passar as próximas tarefas.
O
Sr.Holírico, que havia presenciado toda a cena, foi ao encontro de Ana e sem
dizer nada a abraçou. A pequena menina começou a chorar e logo Sr. Holírico
interveio, com sua voz rouca:
- Pare com isso, pequena, não vale a
pena chorar por causa daquela mulher. Venha cá, vamos encontrar a Sra.
Leonilde, ela vai dar um jeito nessa sua sujeira. E, depois, você faz o que a
Sra. Leôncia disse. Mas, antes, devolva meu chapéu, sua ratinha – e sorriu
amorosamente.
Ana retribuiu o sorriso e os dois foram
procurar a Sra. Leonilde. O coraçãozinho da pequena menina estava apertado. Por mais que tentasse evitar, as histórias
apareciam na sua cabeça e tomavam conta de tudo ao redor. Ela não podia evitar.
Encontraram a Sra. Leonilde separando a
roupa suja. Ao ver Ana, ela sorriu:
-Menina, o que foi que você aprontou
desta vez?
- Nada de muito grave – disse Sr.
Holírico – mas ela está precisando urgentemente de um banho, e a Sra. Leôncia a
aguarda no escritório.
Depois de alguns minutos lá estava Ana, de frente para a sala da Sra. Leôncia. As paredes eram cobertas por
livros e alguns quadros de pessoas em uma espécie de jardim. De frente para a porta, havia uma mesa enorme, cheia de papéis e
coisas que Ana não sabia muito bem para que serviam. Perto da mesa, havia duas
poltronas de estofado marrom. Ana achava graça nas poltronas, porque elas
tinham as pernas tortas, assim como as pernas de Brício, um dos meninos do
orfanato que, além de ter as pernas tortas, usava uns óculos estranhos e tinha
olhos bem pequenos. Ana tentou conversar algumas vezes com Brício, queria
descobrir por que ele tinha olhos tão pequenos e se ele conseguia ver o mundo
diferente por causa dos óculos. Porém,
Brício não gostava muito de papo, preferia ficar desenhando ou comendo giz de
cera.
- Está me ouvindo, Ana? O que acontece
com você, menina? Sempre no mundo da lua! – disse Sra. Leôncia com uma voz tão
ríspida, que chacoalhou Ana por inteiro e a trouxe de volta para a realidade do
escritório.
- Desculpe Sra. Leôncia, eu...eu apenas...
- Não me venha com desculpas, nem com
conversa fiada. Você prestou atenção no que eu disse? Ou está fantasiando de novo?
Tome, estas são suas próximas tarefas. E não fique enrolando, daqui a pouco
seus colegas voltam e todos devem estar presentes para o lanche da
tarde.
Ana não ousou abrir o papel que estava dobrado ao
meio, limitou-se a abaixar a cabeça e sair, tentando fazer o menor barulho
possível. Enquanto caminhava pelo corredor abriu o pequeno papel e começou a ler, repetindo em voz
baixa, como se contasse para alguém o que estava escrito:
-
“Ajudar a Sra. Olária a arrumar a mesa do lanche e a separar as cestas
de pães”. Que bom, pensou consigo mesma. Ana adorava ajudar a Sra Olária, pois
sempre ganhava balinhas ou biscoito de polvilho.
Enquanto se dirigia para a cozinha
ficou imaginando como seria a imagem que Brício fazia da Sra Leôncia, com que
cores a pintaria? O pobre menino morria de medo dela, assim como
todos no orfanato.
-
Boa tarde Ana! O que faz por aqui? Disse Sra Olária enquanto Ana entrava na
cozinha.
A
Sra. Olária era uma mulher baixa, de largos quadris, bochechas rosadas e um pescoço bem menor do que o das outras pessoas. Às vezes, Ana ficava imaginando como
ficaria um colar no pescoço da Sra. Olária, provavelmente ficaria escondido
entre o queixo e o peito, poderia ser que ela até esquecesse que estava com um
colar e ele ficasse perdido para sempre.
Ana gostava muito dos olhos da Sra.
Olária, porque eram da cor do céu, e eles faziam a pequena menina se questionar
por qual razão as pessoas tinham olhos de cores diferentes. Deveria ser pelo
mesmo motivo que as borboletas possuem asas de cores distintas, pensava consigo
mesma, dando a análise por encerrada.
-
Boa tarde, Sra. Olária, hoje sou sua ajudante.
- Que bom! Temos muito trabalho a
fazer. Daqui a pouco os seus colegas chegam do passeio. Mas, antes de começar,
vista isso.
A
Sra. Olária não deixava ninguém entrar na cozinha se não estivesse de avental e
com um chapeuzinho que Ana não sabia o nome, mas sabia que era para não deixar
cair cabelo na comida. Às vezes, a Sra. Olária a deixava usar umas luvas
enormes, com desenhos de carneirinhos, fazendo Ana se sentir uma verdadeira
cozinheira, ou astronauta, dependia da brincadeira.
- Tome, distribua estas cestas de pães,
duas em cada mesa. Depois, coloque os guardanapos. Ah, e não se
esqueça de tampar as cestas de pães, senão as moscas aproveitam.
- Tudo bem, Sra. Olária, eu já fiz isso
várias vezes. Quer que eu coloque os biscoitos também?
- Ainda estou terminando de assar os
biscoitos. E não quero saber da senhorita roubando biscoitos, entendeu? Desta
vez, não consegui fazer tantos, por isso não pegue nenhum sem permissão.
- Pode deixar, eu nem estou com fome.
- E desde quando você come biscoitos só
quando está com fome? Ah, não se esqueça de colocar o cesto com frutas no
centro da mesa.
Depois
de ajudar na arrumação da mesa e com os bolsos do avental cheios de biscoitos
de polvilho e balinhas de goma, que a Sra. Olária tinha lhe dado, Ana sentou na
porta, entre a cozinha e o refeitório, para saborear seu pagamento, enquanto a
Sra. Olária terminava de lavar a louça.
Aos poucos, Ana sentiu seus olhos fechando, cada vez mais pesados, o
corpo foi ficando mole e uma sensação de relaxamento tomou conta da pequena
menina. Até que, enfim, adormeceu.
Estava
escuro quando Ana começou a abrir os olhos, lentamente. Sem levantar a cabeça,
virou o rosto para um lado e para o outro. Onde estavam todos? Será que ainda
estavam no zoológico? O que tinha acontecido? A menina pensava, com uma mistura
de dúvida e aflição, enquanto seu coraçãozinho começava a bater mais forte.
Levantou-se
da cama. Quem tinha a colocado ali? Quem tinha trocado sua roupa? Ana se
perguntava, sozinha, no meio do quarto escuro, enquanto examinava seu pijama. Ao sair do quarto, o cenário ficou um pouco mais iluminado, mas
igualmente confuso. As paredes estavam mais velhas do que de costume, faltavam
móveis e os vidros das janelas estavam quebrados. A menina, mais uma vez,
indagava:
- O que aconteceu aqui?
Ana
percorreu o corredor até o dormitório masculino e, a cada passo, o chão de
madeira rangia, como se há muito tempo não sustentasse ninguém. O quarto dos
meninos estava vazio e praticamente sem camas.
Tentou acender a luz, mas por mais que mudasse o interruptor, para cima e para
baixo, nada acontecia. Uma coisa chamou a atenção de Ana, era um papel preso na
parede, quase se desprendendo – o que era aquilo?
Aos poucos, ela foi se aproximando, tomando
cuidado para não pisar nos pedaços de madeira e pregos que estavam no chão. Ao
chegar perto do papel, não pôde deixar de soltar um suspiro e arregalar os
lindos olhos negros, era um dos desenhos de Brício. Examinou o desenho bem de
perto e conseguiu identificar uma pessoa pintada de laranja e algo
indeterminado, que parecia um trem ou um avião. De repente, ouviu um estrondo,
como se fosse uma bexiga estourando. Um calafrio percorreu todo seu corpo e se
alojou bem no estômago. Ana se encostou em uma das paredes e ali ficou por
alguns minutos, o suficiente para a curiosidade vencer o medo.
Com
muito cuidado, começou a descer as escadas, tentando fazer o mínimo de barulho,
o que era quase impossível, já que os degraus estavam tão velhos e qualquer pisada
provocava um rangido. Ao chegar ao pé da escada, Ana olhou para um lado e para
o outro, sem saber ao certo qual rumo tomar. O orfanato parecia estar totalmente
vazio. Onde estaria a Sra. Leôncia? Ela nunca sai do orfanato! Um novo barulho
interrompeu seu pensamento, agora parecia que algo tinha caído, como se fosse
uma caneca.
O
som vinha do refeitório, pensou Ana, enquanto se aproximava da porta. Olhou
para dentro do refeitório e tudo parecia normal, a não ser pelo fato das
cadeiras e mesas estarem quebradas. No canto do refeitório, quase na entrada
para a cozinha, restava uma única mesa de pé e, ao seu lado, havia uma caneca
estendida no chão. Ana começou a caminhar em direção à caneca, desviando das
mesas, das cadeiras e dos utensílios de cozinha jogados no chão. Quando estava
a três passos da caneca, algo se moveu no meio dos entulhos, bem ao lado de seu
pé esquerdo. Ana segurou a respiração, enquanto seu coração batia acelerado. De repente, ouviu outro
barulho e uma folha de jornal começou a se mover. Ana soltou um grito e já estava pronta para
correr quando, de repente, ouviu um miado. Olhando com mais cuidado, percebeu
que era Mimi, a gata da Sra. Lucílda, que estava embaixo do jornal.
- Venha cá, Mimi. O que você faz
sozinha no meio desta sujeira? Cadê todo mundo?
A
gata se limitou a miar, enquanto Ana a pegava no colo.
Fortes
batidas estremeceram a porta de entrada e uma voz conhecida e rouca chamou pelo
nome de Ana. Mais uma batida e, dessa vez, Mimi se assustou e pulou do colo da menina, em
direção ao refeitório. Antes de abrir a porta, Ana olhou pela janela e, ao
puxar a cortina, deu de cara com o Sr. Holírio que, de modo apressado, disse
quase gritando:
- Venha, Ana, chegou a hora.
- Hora? De quê? Onde estão todos, Sr.
Holírico? O que aconteceu?
- Não se preocupe, Ana, todos estão
bem. Ainda não posso dar muitas respostas, mas em breve tudo ficará mais claro.
Agora, venha, abra a porta.
Ana
abriu a porta e se surpreendeu ao ver o Sr. Holírico parado na porta de um trem. A menina ficou parada, pensando como o trem tinha conseguido entrar no jardim.
Será que estava sonhando? Mas os gritos do Sr. Holírico a fizeram se mover
e, passando rapidamente pela porta, sem saber muito bem o porquê, entrou no
trem, mas não antes de chamar por três ou quatro vezes o nome de Mimi.
- Não se preocupe, Ana, eu cuido da
Mimi - disse o Sr. Holírico, enquanto o trem começava a se mover.
- O senhor não vem comigo? Esse trem
está indo para onde?
- Para onde tem que ir, Ana. As coisas
sempre se dirigem para onde elas têm que ir – disse o Sr. Holírico, enquanto acenava,visivelmente aliviado.
A menina estava muito confusa e se
sentindo sozinha, até que, inesperadamente, uma voz ecoou dentro do trem:
– Acene, você se sentirá melhor.
Ana, então, sem olhar na direção da voz, começou a acenar e
as imagens do Sr. Holírico e do orfanato começaram a se afastar rapidamente.
Capítulo
2: ____________________________
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